"Conheci Trancoso em 1983. Em fevereiro, passei 40 dias na vila, com meus filhos, sobrinhos e amigos. Experimentamos tudo: tomamos banho no mar, lavamos nossas roupas e panelas no rio, cozinhamos equilibrando um pequeno fogão no tronco de uma árvore. Também vendemos doce de coco.

Hoje, não consigo imaginar como o vento permitia levarmos aquela vida. Passávamos o dia na praia, nadando e jogando baralho. Voltávamos ao fogão para fazer doce de coco, iguaria simples, que servia como moeda de troca para a cerveja dos adultos e o guaraná das crianças. Era tudo bem simples e prazeroso.

Naquela temporada, trocamos uma área de aproximadamente 1.190 m² por algumas roupas usadas e CR$ 17 mil cruzeiros. Não havia uma escritura ou qualquer outro documento, mas a transação comercial foi sacramentada.

Era hora de delimitar o espaço, pois precisávamos voltar. As aulas e o trabalho precisavam ser retormados em Belo Horizonte. Vendemos nossas  roupas e o valente fogão para comprar o arame da cerca."

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Eliana Farhat